"Adolescência" é uma minissérie da Netflix que está dando o que falar. A trama tem gerado debates profundos e significativos sobre temas urgentes, como violência, redes sociais, misoginia e o abismo geracional, trazendo à tona reflexões importantes - especialmente para os pais.
Para a maioria dos adultos, entender os adolescentes não é uma tarefa fácil. Eles vivem um turbilhão de mudanças hormonais, físicas e emocionais, em meio à busca por identidade e independência.
É uma fase em que o ambiente social exerce grande influência. Por um lado, o grupo é importante para o exercício de papéis sociais. Por outro, a necessidade de ser reconhecido e aceito faz com que muitos adolescentes considerem mais importantes as regras estabelecidas pelo grupo do que as da família. Quem nunca ouviu de um filho um sonoro: "Você está por fora!"? Essa e outras frases contestadoras, são típicas da adolescência e é parte do processo de desenvolvimento.
A maioria destes grupos se comunica através das redes sociais, que são ferramentas de conexão e entretenimento, mas que também trazem armadilhas. A exposição a padrões irreais de beleza pode gerar comparações prejudiciais e até transtornos. Além disso, a necessidade de validação- traduzida em curtidas e seguidores – pode afetar a autoestima dos adolescentes.
E os perigos não param por aí: bate-papos com desconhecidos podem levar a situações de assédio e golpes. O uso excessivo das telas, especialmente antes de dormir, compromete o sono, o desempenho escolar e até as relações familiares. Sem falar no risco do cyberbullying, violência praticada por meio da internet através de comentários ofensivos, boatos e humilhações, que pode ser devastador para a saúde mental dos adolescentes. Muitos deles, por medo de represálias, sofrem em silêncio, o que agrava ainda mais a situação.
A grande questão é: os pais ou responsáveis estão realmente atentos ao que acontece na vida digital de seus filhos? Conseguem perceber os sinais de alerta que, muitas vezes, aparecem disfarçados de comportamentos de rebeldia?
É claro que os pais não são infalíveis, e ninguém nasce sabendo como educar um filho na era digital. Muitos, a duras penas, tentam dar o seu melhor em meio à correria e ao cansaço diário. Entretanto, é preciso que sejam sensatos ao impor limites e coerentes ao cobrá-los, pois esses limites devem ser respeitados. Simplesmente tirar o celular, esbravejar ou ignorar as conversas porque "eles não ouvem ninguém" é adotar uma postura que, no fundo, representa uma fuga da realidade. O mundo mudou, e os pais – assim como a escola - precisam se atualizar.
A conexão entre pais e filhos não depende de fórmulas mágicas, e sim de disposição interna. Pequenos gestos fazem toda a diferença: demonstrar interesse pelo dia a dia deles, conversar sobre assuntos simples ou complexos, criar um espaço de diálogo aberto e sem julgamentos, aproxima pais e filhos e constroem uma relação saudável, permeada por afeto e confiança.
O grande segredo para fortalecer essa relação é a qualidade do tempo dedicado ao filho. Eles, em qualquer idade, precisam saber que têm alguém para acolhê-los e orientá-los a lidar de forma eficiente com os riscos do mundo – incluindo os digitais. Créditos: Joselene L. Alvim- Psicóloga