Um estudo inédito da Fundação do Câncer divulgado nesta quinta-feira (27) projeta um aumento expressivo de casos de câncer colorretal no Brasil para os próximos anos.
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De acordo com a fundação, o aumento pode ser atribuído ao envelhecimento da população brasileira, à baixa adesão a hábitos saudáveis e, sobretudo, à falta de programas de rastreamento eficazes.
Também chamado de câncer de cólon e reto ou câncer de intestino grosso, o câncer colorretal figura entre os cinco principais tipos de câncer que acometem homens e mulheres em todo o mundo.
A fundação alerta que, atualmente, não existe um protocolo específico no Brasil para rastreamento do câncer colorretal. Na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo, a indicação é que o exame de colonoscopia seja feito a cada dez anos, a partir dos 50 anos de idade, para pacientes assintomáticos.
De acordo com o estudo, a maioria dos casos de câncer colorretal no país será observada entre pessoas com mais de 50 anos, grupo considerado de maior risco. A estimativa é que mais de 88% dos casos em 2040 estarão concentrados nessa faixa etária.
O levantamento mostra uma projeção da evolução da doença entre homens e mulheres para 2030-2035-2040, feita com base nos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP), nos números de óbitos registrados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e nas projeções populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para os anos de 2030, 2035 e 2040.
As estimativas de casos novos no Brasil indicam um aumento de cerca de 21% entre 2030 e 2040 (de 58.830 para 71.050 casos, respectivamente). As regiões Centro-Oeste (32,7%) e Norte (31,13%) devem registrar os maiores incrementos da doença e o Sudeste, o menor (18%).
Apesar do menor percentual de crescimento em relação à média brasileira, o Sudeste apresenta números absolutos maiores que outras regiões. A projeção é de um crescimento de 32.410 casos em 2030 para 38.210 em 2040.
A incidência da doença, segundo o estudo, é equivalente entre os sexos feminino e masculino, com exceção das regiões Centro-Oeste e Sul, onde os homens apresentam valores levemente superiores aos das mulheres.
Para que essas tendências não se concretizem, a fundação reforça a importância de adaptar estratégias de prevenção e de diagnóstico às realidades locais do país, por meio de ações regionalizadas, permitindo a ampliação de programas de rastreamento, fundamentais para a detecção precoce e, consequentemente, redução da mortalidade.
De acordo com a entidade, a detecção precoce por meio de exames como colonoscopia e pesquisa de sangue oculto nas fezes é fundamental para reduzir a mortalidade causada pela doença.
"No entanto, o rastreamento populacional organizado ainda é um desafio no Brasil, especialmente considerando as dificuldades enfrentadas por países de baixa e média renda", avaliou a fundação, citando pontos como infraestrutura inadequada dos sistemas de saúde, dificuldade de acesso aos exames e adesão reduzida da população devido à falta de conscientização e ao medo do diagnóstico.
Além da regionalização de políticas públicas e da alocação de recursos de acordo com as necessidades específicas de cada região, a entidade considera fundamental reduzir desigualdades no acesso ao diagnóstico e ao tratamento do câncer colorretal.
Outra estratégia consiste em ações que impactam nos fatores sociais de prevenção à doença, como mudanças no estilo de vida, por meio de práticas saudáveis na alimentação, na atividade física e na redução de fatores de risco, incluindo tabagismo e consumo de carne processada.