Economia

Empresas estatais federais registram rombo de R$ 6,7 bilhões em 2024, o maior em 23 anos

Esse foi o maior déficit desde o início da série histórica, em dezembro de 2001.

Por Agora Caiua

31/01/2025 às 11:25:55 - Atualizado há
Foto: Tribuna do Norte
Esse foi o maior déficit desde o início da série histórica, em dezembro de 2001. Governo diz que aumento do rombo está relacionado com investimentos feitos pelas empresas, mas manifestou preocupação com a situação dos Correios. O Banco Central informou nesta sexta-feira (31) que as empresas estatais federais registraram um déficit de R$ 6,7 bilhões em 2024.

????O termo "déficit" significa que o gasto somado dessas estatais foi maior que a receita que elas conseguiram gerar no ano.

Em 2023, o resultado também foi negativo, mas em menor proporção: R$ 656 milhões.

O rombo de 2024 foi o maior desde o início da série histórica, em dezembro de 2001, ou seja, em 23 anos.

Até então, o maior déficit havia sido registrado em 2014, quando houve um saldo negativo de R$ 2 bilhões.

O maior superávit foi apurado em 2019, no valor de R$ 10,3 bilhões.

O resultado considera 20 empresas, apenas uma parte das estatais federais dependentes. Entram no cálculo, por exemplo, os Correios, a Emgepron, a Hemobrás, a Casa da Moeda, a Infraero, o Serpro, a Dataprev e a Emgea.

"Empresas lucrativas, como é o caso da Petrobras e dos bancos federais (Banco do Brasil, Caixa, BNDES, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia) não entram na conta", esclareceu o Ministério da Gestão, em outubro do ano passado.

De acordo com o governo, os déficits registrados pelas estatais são, em grande parte, decorrentes dos investimentos realizados pelas companhias, pagos com recursos em caixa.

"Essas 20 empresas aumentaram em 12,5% seus investimentos em 2024 na comparação com 2023. O valor somou R$ 5,3 bilhões e representa 83% do déficit de R$ 6,3 bilhões aferido no ano", informou o Ministério da Gestão.

Correios preocupam

Nesta quinta-feira (30), o Ministério da Gestão informou que os Correios são uma das principais razões para o aumento do déficit das estatais em 2024. Segundo o governo, a estatal registrou um rombo de R$ 3,2 bilhões no ano passado.

????Os Correios possuem monopólio em serviços como o recebimento, transporte e entrega de cartões-postais e correspondência, além da fabricação de selos.

"Uma boa parte da explicação do aumento do déficit é o déficit dos Correios, que de fato aumentou bastante. E o caso dos Correios é um caso que demanda nossa atenção. O governo tem se debruçado para discutir medidas de sustentabilidade [financeira]", afirmou a secretária de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do MGI, Elisa Leonel.

A secretária afirmou que os Correios deixaram de investir, encerraram contratos e perderam receita ao serem incluídos no Plano Nacional de Desestatização, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Leonel descarta uma nova inclusão da estatal no programa de privatizações e uma eventual quebra do monopólio postal no Brasil.

"O que a gente tem então é que criar receitas alternativas, negócios que tragam receitas, e esse é o projeto que a gente está discutindo: quais são esses segmentos que os Correios vão ampliar a sua presença para que gerem receitas adicionais", declarou a secretária de estatais do MGI.

Outras estatais que preocupam o governo são a Infraero, que administra aeroportos, e a Casa da Moeda.

O que dizem os Correios?

Em nota, os Correios disseram que o desempenho de 2024 foi impactado por uma série de fatores, como queda de receitas no segmento postal, a entrada em vigor do Remessa Conforme (programa que regularizou as compras em sites internacionais), e investimentos feitos pela estatal.

"A atual gestão está executando um plano de recuperação robusto com foco em inovação, sustentabilidade financeira, modernização operacional, inclusão social e entrada em novos mercados: Banco Digital, Marketplace, seguros, conectividade, logística para saúde", informou a empresa.

Os Correios afirmaram ainda que "os desafios para 2025 incluem a reversão do resultado deficitário".
Fonte: G1
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