As fortes chuvas e enchentes das Ășltimas semanas interromperam estradas e cancelaram feiras, prejudicando a distribuição das agroindĂșstrias do Rio Grande do Sul
As fortes chuvas e enchentes das Ășltimas semanas interromperam estradas e cancelaram feiras, prejudicando a distribuição das agroindĂșstrias do Rio Grande do Sul. Para contornar as dificuldades, os produtores buscaram alternativas para vender seus produtos fora do estado. A portaria SDA/Mapa n° 1.114/2024 permitiu a comercialização de produtos de origem animal em outros estados brasileiros, mesmo com registro de inspeção apenas estadual ou municipal.
Na Ășltima sexta-feira (17/05), a primeira carga foi enviada, levando trĂȘs toneladas de queijo e doce de leite para Santa Catarina, ParanĂĄ, São Paulo e Minas Gerais. O carregamento ocorreu no Posto Radar, na ERS-118, em Gravatai. Stefani Hartmann da Silva, produtora de doce de leite, participou do envio e expressou gratidão pelo apoio recebido. Sua agroindĂșstria possui apenas o selo municipal de Cristal, que ficou isolado. "A minha agroindĂșstria depende praticamente só de feiras, as quais foram canceladas ou adiadas", disse.
A engenheira de alimentos da Emater/RS-Ascar, Bruna Bresolin, acompanhou o carregamento e classificou o evento como histórico: "É um momento de vitória, de reconhecimento, de oportunidade que esses produtores nunca tiveram antes". Ela espera que a venda de mel e embutidos para outros estados também seja autorizada em breve.
Bresolin acredita que os produtores podem aproveitar a oportunidade para conquistar novos clientes fora do RS e buscar, após os 90 dias de validade da portaria, um sistema de equivalĂȘncia para vender livremente seus produtos de origem animal.
Mais de 1.700 estabelecimentos da agroindĂșstria familiar enfrentam dificuldades na comercialização devido aos problemas logĂsticos no estado. Bresolin relatou casos de inundação em que famĂlias perderam suas casas, agroindĂșstrias, estoques e matéria-prima: "tiveram a propriedade arrasada", lamentou.
A viabilização da primeira carga foi possĂvel graças à mobilização de entidades do setor de laticĂnios, com o apoio de uma empresa de logĂstica que cedeu o caminhão sem cobrar frete.