As enchentes no Rio Grande do Sul causaram 85 mortes e deixaram 134 desaparecidos até 6 de maio, também atingindo fortemente a agropecuária. A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) estimou até ontem danos de R$ 506,8 milhões ao setor.
O levantamento da CNM aponta prejuízos de R$ 967,2 milhões no estado, abrangendo outros setores e o setor público. O valor é baseado em informações de apenas 25 municípios, enquanto a Defesa Civil gaúcha relata que mais de 330 foram afetados.
Segundo a CNM, "os danos serão infinitamente superiores aos já apontados", com muitos municípios ainda enfrentando situações extremas e resgatando vítimas. Não há estimativas oficiais sobre prejuízos nas lavouras, mas a Cogo Consultoria prevê perda potencial de 6,5 milhões de toneladas de soja. A produção de arroz deve sofrer uma perda de 750 mil toneladas, avaliada em R$ 68 milhões.
O estado tem dez frigoríficos paralisados, conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A produção deve demorar mais de 30 dias para ser retomada. Apesar disso, a ABPA descarta a necessidade de abates sanitários e busca garantir o abastecimento de ração aos animais, de acordo com o presidente Ricardo Santin. As enchentes causaram mortes de animais, e uma força-tarefa foi formada para transportar aves e suínos para outras regiões com indústrias operantes.
A paralisação das indústrias de aves e suínos impactou as ações do setor na B3. As ações da BRF cairam 3,23%, as da Marfrig 4,92% e as da Minerva 3,69%.
Durante uma reunião com o secretário de Política Agrícola, Neri Geller, foram solicitadas medidas para ajudar o setor, como o perdão de dívidas rurais, novas linhas de financiamento e prorrogação de parcelas. Também foi solicitado apoio logístico para consertar estradas e garantir o escoamento de insumos e produção.
O presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (Acebra), Jerônimo Goergen, destacou que "precisamos de algo excepcional" e que as demandas já foram encaminhadas ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
As barreiras nas estradas e pontes destruídas dificultam o transporte de insumos e produtos, como soja e milho, essenciais para a criação de aves e suínos. As enchentes também interromperam o funcionamento da Ceasa/RS, que abastece 54% dos hortifrutigranjeiros no estado.