Mudanças climáticas nas principais lavouras do mundo, na África, foram o principal fator para a alta nos preços. Confeiteiros e consumidores tentam driblar o aumento no preço do cacau
Com a aproximação da Páscoa, confeiteiros e consumidores estão tentando driblar o aumento do preço da principal matéria-prima do chocolate.
Uma fábrica a céu aberto com um tipo de matéria-prima "selvagem", que ainda não foi modificada pelo homem. Assim é o cultivo do cacau no Brasil, o sexto maior produtor mundial.
"O resultado disso? Uma condição climática adversa tende a impactar com maior intensidade a produção de cacau do que, por exemplo, a produção de outras culturas, como o milho", diz Felippe Serigati, pesquisador do FGV Agro.
O agricultor da Costa do Cacau, na Bahia, colhe um resultado de um ano com excesso de chuvas e luta contra as pragas.
"Tivemos uma pequena frustração de produção. Não foi a esperada, mas os preços elevados realmente contribuíram para um ano positivo", conta o produtor rural Antônio Lavigne.
Empresas e pessoas driblam a alta no preço do chocolate para não azedar a Páscoa
As mudanças climáticas nas principais lavouras do mundo, na África, foram o principal fator para a alta nos preços. O valor do cacau é definido no mercado internacional. Em dois anos, a alta acumulada na Bolsa de Nova York é de cerca de 185%. O pico foi em dezembro de 2024, quando o valor da tonelada passou de US$ 11,8 mil.
Essa alta chegou ao consumidor brasileiro. Em doze meses, o preço do chocolate em barra e do bombom subiu 16,53%, segundo o IBGE. A inflação do chocolate vai colocando a Páscoa em formas menores.
Problemas na produção de cacau deixa Páscoa mais cara para o consumidor
Jornal Nacional
"Eu tenho barrinha a partir de 50 g. É fazer recheios que não usem tanto chocolate como o ano passado, como um creme de leite em pó com frutas vermelhas. Eu vou passar novos sabores para o cliente. Vai ser uma experiência nova para ele, mas já não vai ser algo 100% de chocolate", diz a confeiteira Lígia Gomes.
A formação de preço é sempre uma questão com dois lados: da oferta e da demanda. O custo do chocolate sofreu as duas pressões: os problemas de produção de cacau no campo e o aumento da procura pelo produto nas cidades do país. Economistas dizem que as vendas do chocolate se fizeram com o calor da atividade econômica.
"Quando você tem um incremento de renda, quando a gente tem um período que a renda cresce, a demanda por chocolate cresce em uma intensidade maior", afirma o economista Felippe Serigati.
"Acho que a gente compra sempre, né? Quando está triste é para animar, quando está feliz é para ficar mais animado. A gente gosta muito de chocolate", diz o corretor de seguros Manoel dos Santos Júnior.
"Diminui o tanto de barrinha, o tamanho da barrinha porque os netos não diminuem", diz Elina Maria Borges.
"Pode estar caro, mas não podem parar de vender", diz Teresa de Castro, 9 anos.
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