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Economia

Bitcoin despenca e atinge o menor patamar em 2025 com 'tarifaço' de Trump

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Sentimento de aversão aos riscos que toma conta dos mercados no mundo inteiro também reduz o fluxo de investimentos para as criptomoedas. Trump fala com a imprensa a bordo do Air Force One, em 6 de abril de 2025

Reuters/Kent Nishimura

O "tarifaço" do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segue repercutindo no mundo inteiro e provocando estresse nos mercados financeiros. E assim como a grande maioria dos ativos de risco, as criptomoedas também estão sofrendo.

Nesta segunda-feira (7), o Bitcoin, criptomoeda mais famosa do mundo, atingiu sua menor cotação de 2025 até aqui, batendo os US$ 74.524. Por volta das 14h30, a moeda recuava 2,76%, cotada a US$ 78.493.

Vale lembrar que o Bitcoin iniciou o ano cotado a mais de US$ 94 mil e chegou a ser negociado perto dos US$ 105 mil. A empolgação foi motivada pela posse de Trump como presidente, porque investidores acreditavam que ele poderia favorecer a desregulamentação do mercado. (entenda mais abaixo)

No entanto, desde os primeiros anúncios de tarifas impostas por Trump, no início de fevereiro, o Bitcoin passou a registrar um movimento de queda contínua, caindo da casa dos US$ 100 mil para os US$ 74 mil agora.

Segundo especialistas, isso acontece porque, embora o Bitcoin não seja diretamente afetado pelas tarifas — que são destinadas aos produtos exportador por diversos países para os EUA —, o sentimento de aversão aos riscos que tomou conta dos mercados também reduz o fluxo de investimentos em criptomoedas.

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Além do Bitcoin, outros criptoativos também operam em queda nesta segunda. O Ethereum, segunda criptomoeda mais famosa do mundo, por exemplo, despencava quase 7%, também por volta das 14h30.

Luiz Pedro Andrade, analista da Nord Investimentos, essa queda, que acompanha um movimento de depreciação global das bolsas de valores e outros investimentos de renda variável, é reflexo de uma percepção de que os EUA podem passar por um período de forte pressão inflacionária.

Tarifas maiores para os produtos que chegam ao país encarecem os produtos e insumos necessários para a produção de bens e serviços. Os preços maiores na produção tendem a ser repassados para os consumidores, gerando mais inflação.

Por outro lado, com os produtos mais caros, os níveis de consumo no país também podem ser impactados, desencadeando uma desaceleração da atividade econômica.

Trump já impôs tarifas sobre produtos específicos, como aço, alumínio e carros, mas o que realmente desagradou os mercados foram as tarifas recíprocas anunciadas na última quarta-feira (2).

Os EUA vão cobrar taxas de 10% a 50% sobre a importação de todos os produtos que chegam de mais de 180 países diferentes e de todos os continentes.

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Além da cautela com as tarifas americanas, a aversão aos riscos se intensificou porque a China retaliou os EUA, impondo taxa de 34% sobre todos os produtos do país (a mesma taxa que os EUA colocaram sobre os produtos chineses).

Essa retaliação e outras ameaças vindas de outras regiões do mundo, como a União Europeia, geram temores de que as maiores economias do mundo entrem em uma guerra comercial, que poderia diminuir os níveis de comércio e consumo em todo o mundo.

"Os mercados reagiram mal a tudo isso. A tendência nestes cenários é a busca pela proteção patrimonial e a tendência de todos os investidores, nestes casos, é diminuir a exposição aos riscos", afirma Andrade, da Nord.

Da disparada à queda

O presidente republicano prometeu durante sua campanha eleitoral flexibilizar as regulamentações das criptomoedas e até sugeriu a criação de uma reserva estratégica de bitcoins nos EUA.

No fim de julho de 2024, durante a campanha, Trump participou da conferência Bitcoin 2024 e disse aos participantes do evento que eles seriam "muito felizes" com uma eventual vitória sua.

"Se a criptografia vai definir o futuro, quero que seja extraída, cunhada e fabricada nos Estados Unidos", disse o republicano.

Essa postura favorável às criptomoedas foi uma mudança nos discursos de Trump. Há alguns anos, ele se manifestava publicamente contra esse tipo de ativo.

Em um post no X (antigo Twitter) em 2019, Trump afirmou que não era "fã" do bitcoin e de outras criptomoedas, dizendo que esses ativos "não são dinheiro e cujo valor é altamente volátil e baseado no ar".

"Ativos criptográficos não regulamentados podem facilitar comportamento ilegal, incluindo comércio de drogas e outras atividades ilegais", disse o republicano à época.

A mudança de postura, segundo especialistas ouvidos em reportagem do g1, é consequência de uma mudança do perfil do eleitorado norte-americano, que tem cada vez mais criptomoedas.

Com essa postura adotada por Trump, sua vitória nas eleições de novembro fez o valor do bitcoin e de outras criptomoedas dispararem.

Porém, a empolgação durou pouco. Além da nomeação de alguns funcionários favoráveis às criptomoedas após sua posse, Trump ainda não trouxe medidas concretas para os investidores.

"Levando em consideração o contexto macroeconômico, não é surpreendente ver que estamos nesta situação, especialmente porque os investidores ainda aguardam medidas concretas da administração Trump a favor dos criptoativos", comentou Stefan von Haenisch, da empresa de reservas de criptomoedas Bitgo, em uma entrevista à agência Bloomberg.

Além disso, o risco de uma guerra comercial generalizada, após o presidente americano impor tarifas contra diversos países e produtos, aumentou a sensação de incerteza econômica, o que tem levado os investidores a se desfazerem de seus ativos mais arriscados, caso das criptomoedas.

Tarifas sobre o que chega aos EUA devem encarecer os custos de produção em diversas cadeias produtivas, o que pode ser repassado ao consumidor final, gerando mais inflação.

Uma inflação acelerada pode levar o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a elevar seus juros, hoje entre 4,25% e 4,50% ao ano.

E juros maiores também elevam a rentabilidade dos títulos públicos do país, considerados os mais seguros do mundo — o que atrai os investidores, em busca de opções mais seguras, retirando recursos de outros investimentos e encarecendo o dólar em nível global.

G1

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