A tranquila cidade de Caiuá teve seu cotidiano transformado com a chegada do trem da Alta Sorocabana, trazendo não apenas passageiros vindos de Presidente Prudente, No coração do extremo oeste paulista, a pequena cidade de Caiuá guarda memórias que ainda ecoam nos trilhos do passado. Durante as décadas de 1940 a 1970, a Estação de Caiuá foi mais do que um ponto de embarque e desembarque — era o centro pulsante da vida social e econômica da região, ligada à lendária Estrada de Ferro Alta Sorocabana. A chegada do trem era um evento. Pontualmente, o apito anunciava sua aproximação, e a plataforma logo se enchia de vozes, malas e reencontros. Comerciantes, agricultores, estudantes e até soldados dependiam da linha férrea para circular entre os municípios do interior e alcançar a capital. "Dava pra sentir quando o trem estava perto. As janelas começavam a se abrir, as senhoras ajeitavam os cabelos e os meninos corriam para ver quem descia. Era o momento mais vivo do dia", relembra dona Alzira Monteiro, 84 anos, que cresceu em frente à estação. Construída com arquitetura simples, a estação de Caiuá fazia parte do ramal da Alta Sorocabana, linha estratégica para o transporte de pessoas e escoamento da produção agrícola da região. O trecho ligava pontos cruciais do oeste paulista, sendo essencial para o desenvolvimento de cidades como Presidente Prudente, Martinópolis e, claro, Caiuá. O trem levava café, milho, algodão — e trazia progresso. Mas com o passar dos anos e o avanço do transporte rodoviário, os trilhos perderam força. A estação, silenciosa hoje, permanece de pé como símbolo de um tempo em que os trens conectavam não só cidades, mas histórias e destinos. Atualmente, a estrutura resiste ao tempo como um relicário de memórias. Para os moradores mais antigos, ela continua sendo um marco da identidade local. E para os mais jovens, um lembrete do quanto a ferrovia moldou os caminhos do interior paulista. **Você sabia?** A linha Alto Sorocabana foi fundamental para a expansão econômica do oeste paulista durante o século XX. Em Caiuá, a estação movimentava não só cargas e passageiros, mas também sonhos, cartas e notícias vindas do mundo lá fora.